Da Cultura Popular ao “Paranormal”

Realizou-se recentemente o Congresso de Medicina Popular em Vilar de Perdizes. Nada tenho a opor a iniciativas que valorizem a cultura popular. Tenho muito a opor no que diz respeito a fenómenos ditos “paranormais”, pseudociência e afins.



A cultura popular deve ser protegida. Da Cultura Popular faz parte a “medicina popular”. Da “medicina popular” e do conhecimento ancestral do ser humano - uso de certas ervas e infusões - surgem medicamentos, após estudo aprofundado das suas características, efeitos positivos e negativos, num processo longo mas que tem de ser feito. Primeiro para saber se aquele princípio activo (aquela planta) tira mesmo as dores de cabeça. Segundo, para saber se ao tirar as dores de cabeça não está a dar cabo da visão (ou de outra coisa qualquer). É assim que a ciência funciona, e no processo de desenvolvimento de medicamentos, muitas outras variáveis são analisadas. Mesmo assim, com todos os grupos de controle, com todas as exigências da ciência, acontecem coisas terríveis – lembremo-nos da Talidomida, medicação para enjoos que veio a descobrir-se causar malformações em fetos. Mas a ciência vai corrigindo os erros que encontra no seu seio, tem um processo de constante teste, replicação por outros cientistas, comprovação e divulgação dos resultados. A Ciência é dinâmica, é sujeita a constante crítica, a constante revisão. A senhora do Licor “Levanta o Pau” de Vilar de Perdizes não tem nada disto. O dito licor até pode ajudar a levantar o pau , mas assim de repente, também dá a ideia de que a Vodka faz o mesmo e depois é o que se sabe. É o álcool a funcionar. Mas não vejo problema nenhum em que se vá estudar cientificamente o licor. Pode-se descobrir um novo Viagra.
Quando chegamos a questões como a astrologia, lançamento de ossos, tarot, exorcismos, etc, a coisa pia mais fino. Nenhuma destas coisas – que por vezes auto-denominam-se “ciências” – tem base científica, método científico, comprovação independente. Aliás, ainda está para aparecer o estudo sério, metodologicamente correcto, científico, que comprove as afirmações destas “disciplinas”. Os efeitos destas práticas nas pessoas explicam-se facilmente, assim como se explicam os supostos conhecimentos obtidos por via paranormal em relação aos seus “clientes”: Uma boa dose de sugestão em conjunto com poder de observação, misturada com as perguntas certas ( “Você já teve um grande desgosto de amor “ - quem é que nunca teve?) aproveitando fraquezas e o próprio funcionamento cognitivo do ser humano permitem não só explicar estas coisas como a replicação dos efeitos por um céptico, que não tem capacidades paranormais, como eu.
Quer ser médium? Eu dou-lhe umas dicas.
Há quem diga que estas coisas não têm mal nenhum. Pois. E se uma pessoa desistir do tratamento médico de um cancro do pulmão porque afinal é um demónio que está lá alojado? Assim já tem mal?
Estas questões remetem-nos para o que eu acho essencial, que é a falta de cultura científica. A Educação Científica é essencial para o desenvolvimento de qualquer país ou povo, de qualquer indivíduo. Nem que seja para evitar cair em esparrelas que podem sair caras.
E que fique claro: Não sou daqueles que rejeita automaticamente a existência destes “fenómenos paranormais”. A ciência explica estas coisas, até agora. Ando é à procura daquele fenómeno que a ciência não consiga explicar. Como qualquer pessoa com um mínimo de curiosidade e conhecimento do método cientifico. Porque, afinal, Ciência é Curiosidade.

Publicada porVictor Silva à(s) 20:48  

1 comentários:

Anónimo disse... 16 de março de 2012 às 19:23  

Eu
acredito
no
sobrenatu
ral,e acho,
que a
ciencia
ela nao
consegue
explicar
tudo!

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