Seminário R3: 1º Seminário R3 – três anos de “Riscos Reduzidos em Rede

Recebi informação sobre um seminário sobre Redução de Riscos que me pareceu interessante e que por isso divulgo aqui no meu blog. Irá realizar-se na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto no dia 16 de Novembro de 2007.


Programa Provisório
10h- Sessão de Abertura
- Dr. João Goulão* – Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência
- Prof. Doutor Luís Fernandes – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
- Dr.ª Paula Andrade – Responsável do Núcleo de Redução de Danos do Instituto da Droga e da Toxicodependência

11h – Pausa para café

11h30 – Apresentação do R3 e das suas actividades

12h – Apresentação de experiências inovadoras

- ARRIMO – Programa de Terapêutica Combinada na rua
- Check-in – CHECK-IN: Intervenção em contextos festivos – uma experiência Inovadora
- GIRUGaia – Programa de Troca de Pratas
- SMACTE – Equipa de Rua como potenciadora de novos projectos.
- Associação de Utilizadores de Drogas C.A.S.O (Consumidores Associados Sobrevivem Organizados)

Comentário e moderação de Dr. Jorge Barbosa – Director do Centro de Respostas Integradas Oriental do Porto

13h – Almoço

14h30 – A Aliança de Milão – Grupos de Trabalho

16h30 – Debate em grande grupo

Síntese de Dr. José Queiroz – coordenador da Agência Piaget para o Desenvolvimento (projectos CHECK-IN e GIRUGaia) e Comentário de Dr. Adelino Vale Ferreira* – Presidente da Delegação Regional do Norte do IDT.

18h00 – Encerramento

Padre Maia – Fundação Filos (projectos ARRIMO e Tudo sobre Rodas) 17 de Novembro de 2007

Para todos os interessados há também a possibilidade de participar numa acção de formação dedicada ao tema “Redução de Riscos associados ao uso de drogas e ao trabalho sexual” com os formadores Luís Fernandes, Alexandra Oliveira e Marta Pinto (docentes da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto).

* Presença por confirmar

Inscrições

Preços:
Seminário: 10€
Formação: 20€
Seminário e Formação: 25€
Inscrições devem ser efectuadas:
- E-Mail: riscosreduzidosemrede@gmail.com
- Telefone: 227332090 Fax: 227332099
- Correio: Rua Coração de Jesus, s/ n.º 4500-541 Paramos – Espinho

Importante:
Mencionar nome, instituição, funções desempenhadas, contacto telefónico, e-mail,
número de contribuinte, acção em que se inscreve.

Publicada porVictor Silva à(s) 18:33 0 comentários  

Quando o Amor acaba

É uma daquelas evidências da vida: Por vezes deixamos de gostar da nossa parceira ou vice-versa. Desde o drama adolescente da desilusão amorosa à separação e divórcio adulto, é um facto que o amor também pode morrer. Ou ser morto.

Somos seres relacionais e até mesmo do ponto de vista evolutivo, a própria perpetuação da espécie leva-nos a ter relacionamentos preferenciais com outras pessoas. Afinal, a cria humana é tão frágil que necessita de quem tome conte dela. Precisa de progenitores que estejam juntos, de preferência que gostem de estar juntos.
Naturalmente que não podemos esquecer os factores sociais, até mesmo religiosos que nos impelem para casais exclusivos, para a monogamia. E por vezes, o imperativo biológico de fazer passar o máximo possível dos nossos genes à geração seguinte entra em contradição com a monogamia. Mas não pretendo enveredar por uma análise evolucionista do “fenómeno” da extra-conjugalidade.
Ao longo do nosso desenvolvimento, vamos criando relações de vinculação com outras pessoas. Naturalmente, as primeiras relações são construídas com os nossos pais, ou com quem toma conta de nós. Contudo, por vezes, criamos relações de vinculação problemática. Se uma criança tem uma relação de segurança com os progenitores, irá criar uma relação de vinculação segura. Se, por outro lado, a coisa não correr tão bem, se os pais forem ausentes afectivamente, se forem contraditórios nos afectos (por vezes sendo próximos, por vezes sendo ausentes), a criança pode desenvolver outros estilos de vinculação.
Estes estilos de vinculação podem perpetuar-se ao longo do tempo. Ao vincularmos com outras pessoas, podemos replicar o que aprendemos antes. Na minha óptica, a vinculação é dinâmica, ou seja, a ideia de insegurança (quase sempre acompanhada por sentimentos de não ser desejável pelo outro) pode ser desconfirmada no contexto de uma relação segura. O inverso também pode acontecer.
Somos seres que aprendem e não esquecem algumas coisas. Ora façam lá um exercício: Ainda se lembram da primeira namorada a sério? Daquela de quem gostavam e suspiravam pelos cantos? Quando encontram uma pessoa parecida que coisas sentem? Ainda conseguem sentir o perfume da primeira namorada?
Isto para dizer que os nossos estilos de vinculação e a nossa história de vida influenciam o modo como nos vemos a nós próprios e aos outros. Marcam-nos. Fazem-nos o que somos, sentimos e pensamos.
Que tem isto a ver com o amor? Bem o amor é uma relação de vinculação muito forte. E às vezes também nos desvinculamos ou somos “desvinculados”.
Vários factores influenciam o fim de uma relação, das coisas mais pequenas como comportamentos insignificantes que tomam proporções desmesuradas até questões essenciais – diferenças no modo como se entende o mundo ou conhecer alguém com quem temos mais afinidade. E atenção que as pessoas mudam ao longo do tempo. Basta ver como muitos marxistas são hoje social-democratas. Num jogo interminável de relações de amizade e outras, vamos construindo e desconstruindo a nós próprios. Às vezes de forma positiva e adaptativa, às vezes de forma desadaptativa.
Tendo as relações amorosas o poder que têm, não é de espantar que, quando o amor morre ou é morto, possamos entrar em crise. Criamos relações de quase dependência (à partida uma relação menos boa) com alguém e esse alguém abandona-nos. Se tivermos estrutura psicológica adaptativa, depois da fase do luto – sim, as relações também têm luto – estaremos disponíveis para novas relações de vinculação. Se isso não acontecer – se, por exemplo, um estilo de vinculação mais problemática nos levar a pensar e a sentir que ninguém nunca mais nos quererá – temos um problema. E aí convém procurar ajuda profissional. Por vezes o sofrimento é tão atroz que essa ajuda é essencial. Para que a pessoa continue a poder relacionar-se adaptativamente com os outros.
As relações começam e por vezes acabam. Faz parte da vida. Mas por terem acabado, isso não implica necessariamente que somos defeituosos. Apenas não acertamos na relação, que implica não uma, mas duas pessoas. E uma delas nós não controlamos…

Publicada porVictor Silva à(s) 13:45 5 comentários  

Madeleine McCann e os “Spin Doctors”

“Spin Doctor” é como se fosse um assessor de imprensa, que tenta “virar” ou condicionar a agenda mediática e as notícias que saem ou vão sair. Tentam “vender o peixe”, minimizar danos de uma má notícia, aconselham os seus clientes na sua relação com a imprensa. Os pais de Maddie têm agora ao seu serviço um ex-spin doctor de Gordon Brown, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha. É uma escalada na luta mediática relacionada com este caso…


Uma coisa é certa: o caso Maddie ultrapassou há muito tempo o “mero” desaparecimento de uma criança (se é que há alguma coisa de “mero” num desaparecimento). Um dia mais tarde este caso será estudado nos cursos de comunicação social, jornalismo, relações públicas. Parece-me óbvio que para além da atenção mediática incrível que já define este caso, ou se calhar por causa disso mesmo, este acontecimento tornou-se uma verdadeira batalha mediática. Pelo menos da parte dos pais da criança há uma preocupação óbvia sobre o que se escreve, diz e aparece nos jornais, rádios e estações de televisão. Porquê? Percebo a lógica de manter o caso nas parangonas, numa (hipotética) esperança de que a miúda seja vista nalgum sítio. Na minha opinião, esta visibilidade toda só pode fazer mal. Ora coloquem-se na pele de um eventual raptor: o que faziam se a foto da criança que raptaram andasse em todo o lado há meses intermináveis? Ou não a deixavam sair de vossa casa ou então…acho que nem é preciso escrever a outra opção. Será que isto auxilia um eventual reconhecimento, partindo do princípio que se tratou de um rapto? Tenho muitas muitas dúvidas. Porquê então contratar assessores de imprensa?
Os spin doctors existem há muito tempo. Parece-me, contudo, que se tornaram figuras com visibilidade através de Alaistair Campbell, o spin doctor-mor e eminência parda de Tony Blair. Campbell, um ex-jornalista, juntou-se a Blair ainda antes deste se tornar primeiro-ministro e conduziu não só o seu relacionamento com a imprensa (ao que parece brilhantemente) como (parece-me) se tornou também um conselheiro incontornável, por quem tudo ou quase tudo passava. Definições de políticas, estratégias, gestão de egos e motivações pessoais de gente à volta de Blair (como o agora primeiro-minsitro Gordon Brown), etc. Pelo menos é o que interpreto do livro The Blair Years: The Alastair Campbell Diaries, um calhamaço com quase 800 páginas que é o responsável por andar a dormir pouco nos últimos tempos, tal a vontade de ler “só mais uma página” antes de dormir.
Durante a campanha eleitoral que levou Blair a primeiro-ministro, os Conservadores lembraram-se de mandar uma galinha andar atrás do que seria o futuro primeiro-ministro. A ideia era simples: chamar medroso a Blair, relativamente à autonomia da Escócia. O que fazer para que esta estratégia não funcionasse? Se Blair respondesse à provocação, os objectivos de John Major estavam atingidos. A estratégia adoptada foi simples e eficaz: Entrar na brincadeira. Numa acção de campanha, a galinha foi convidada a jantar com Campbell. Quando isso foi recusado, a equipa de Blair fez saber que a galinha tinha sido raptada pelos Conservadores, que não a deixavam fazer o que queria e que ela afinal queria passar para o lado dos trabalhista. Engraçado, não? A notícia que podia ser “Blair é um medroso” passou a ser um “fait-divers” engraçado e virado contra o autor: é que haviam deputados de Major que tinham passado para o lado de Blair. Como a galinha queria fazer. Spin doctorismo no seu melhor…
Especulando acerca do caso de Maddie, agora que os pais contrataram Clareance Mitchell ex-spin doctor de Gordon Brown (que também trabalhou com Blair, logo aprendeu com o mestre Campbell), e as recentes notícias de avistamentos em Marrocos, e-mails anónimo enviados para o Príncipe Carlos (porquê o Príncipe Carlos, porque não a polícia? Para dar mais cedibilidade? Para mais facilmente aparecer nas notícias? Porque foi mesmo assim?), ponho-me a pensar: Será que o alvo da galinha desta história (versão e-mail e avistamento) não será a polícia portuguesa?A regra do spin doctorismo é virar as notícias a favor de quem nos contrata. Não deixam de ser interessantes estas notícias de avistamentos e afins, agora que a atenção mediática está na suspeição sobre o casal McCann… Ainda estará? Ou está a virar outra vez para a possibilidade da criança andar por aí, à espera de ser vista? Curioso…


Publicada porVictor Silva à(s) 20:50 1 comentários  

Uma visita de estudo à Holanda

Em 2002 tive uma bolsa de estudo, atribuida pela União Europeia através da FESAT (European Foundation of Drug Helplines) para visitar a Holanda e ver "In Loco" como lidam com a droga e toxicodependência.
O relatório dessa visita está disponível aqui em Inglês e Francês (pdf), já que foi publicada na revista "Lines/Lignes". Descrevo não só o funcionamento da linha de ajuda a situações de droga holandesa, como também a política holandesa sobre drogas, o funcionamento dos famosos coffee shops, política e estratégias de prevenção, o funcionamento do sistema de testes às pastilhas de ecstasy e outras que lá está implementado, bem como as reuniões que tive com investigadores da Universidade de Utrecht e do CVO (Drug Research Institute) acerca do que se convencionou chamar "novas drogas"(mau termo, já que as novas drogas são velhas) ou novas tendências de uso de drogas, principalmente ao nível recreativo. Já tem 5 anos, mas muitas das conclusões a que cheguei na altura continuam actuais. Acho também que é um bom texto (que imodéstia...) para esclarecer muitas concepções erradas acerca da política dos Países Baixos (nomeadamente que a droga lá é legal...).
Um link útil (alguns conteúdos em Inglês) é o do Trimbos Instituut, que será mais ou menos o correspondente Holandês do Instituto da Droga e Toxicodependência Português.

Publicada porVictor Silva à(s) 19:59 0 comentários  

Praxes Académicas

Como todos os anos, ao iniciarem-se as aulas na Universidade, assistimos durante estas semanas a actividades de praxes académicas. Com bom gosto, muitas vezes sem gosto nenhum, com respeito, algumas vezes a roçar o crime, as praxes académicas são como tudo: Positivas ou extremamente negativas. Depende de quem e como se fazem.



Antes de mais, convém fazer uma distinção entre Praxe Académica e rituais de iniciação abusivos e criminosos. Nem tudo é Praxe Académica. Praxe é cantarolar o hino da Universidade. Ritual estúpido e criminoso é abusar física e psicologicamente dos “Caloiros”. Praxe pode ser partilha. Praxe não é, certamente, abusar de um suposto poder que origina na antiguidade (e que tem, na sua essência, o insucesso académico dos mais velhos).
Mesmo a Praxe Académica, bem-feita e com objectivos positivos, enferma de contradições: Ninguém é obrigado a ser praxado, contudo, há uma pressão implícita (por vezes explicita) para aceitar ser praxado – com 18 anos, muitas vezes numa cidade nova, num contexto novo, é difícil não alinhar com a maioria…
Muito se pode argumentar contra ou a favor da praxe académica. Alguns pontos essenciais contra:

- Parece ser uma organização pouco ou nada democrática
- Tem como conceitos básicos a transmissão de valores que por vezes podem ser discutíveis – como a obediência aos mais velhos, só porque o são
- Na maior parte dos casos, não está regulamentada, o que dá azo a exageros
- Por vezes passa pela humilhação de quem, sendo novo num contexto novo, está mais fragilizado.
- Pode induzir consumos exagerados de álcool, já que este faz parte também da cultura praxística

Mas também pode ter pontos a favor:
- Permite, quer se queira quer não, a inclusão rápida numa nova cultura
- Permite conhecer colegas do mesmo ano e de anos mais avançados, que podem servir de apoio, até mesmo academicamente
- Pode desafiar e desenvolver o indivíduo, confrontando-o com novas maneiras de ver o mundo, nem que seja pela rejeição da praxe
- Tem um lado romântico e sonhador que não pode ser desprezado (quem já cantou serenatas à porta de uma residência feminina, sabe do que estou a falar)
- Permite o desenvolvimento de companheirismo e solidariedade
- Pode ser extremamente divertida, para todos: velhos e novos (ou melhor, veteranos e caloiros)

Quando se passam as marcas, pondo em causa, seja de que forma for, a integridade física ou moral de um caloiro, a praxe académica, a meu ver, deixa de ser praxe. Passa a ser crime. E aí só há uma coisa a fazer: recusar a praxe e fazer queixa na polícia.

Aos “Veteranos” e “Doutores de Praxe”, aconselho a terem cuidado com as praxes que efectuam. Não se esqueçam que aquele caloiro nunca mais vai esquecer o que lhe fizeram, para o bem e para o mal. Podem ser recordados com carinho e saudade, ou com ódio e rancor. A escolha é vossa.

Aos “Caloiros”, não hesitem em recusar ser praxados se for isso o que realmente desejam. Lembrem-se de que podem sair da praxe a qualquer momento. Se optarem por entrar na cultura praxística, divirtam-se, tenham cuidado com o álcool, não pactuem com abusos e denunciem-nos aos Veteranos mais antigos ou, se for caso disso, à polícia.

A todos que participam nestas actividades, vivam-na bem. Dura pouco. Daqui a uns anos vão ter saudades. Eu tenho, e ainda fico com uma lágrima no canto do olho, quando oiço uma tuna a tocar os “Amores de Estudante”, o hino da Academia do Porto…

Publicada porVictor Silva à(s) 20:50 2 comentários  

Da Cultura Popular ao “Paranormal”

Realizou-se recentemente o Congresso de Medicina Popular em Vilar de Perdizes. Nada tenho a opor a iniciativas que valorizem a cultura popular. Tenho muito a opor no que diz respeito a fenómenos ditos “paranormais”, pseudociência e afins.



A cultura popular deve ser protegida. Da Cultura Popular faz parte a “medicina popular”. Da “medicina popular” e do conhecimento ancestral do ser humano - uso de certas ervas e infusões - surgem medicamentos, após estudo aprofundado das suas características, efeitos positivos e negativos, num processo longo mas que tem de ser feito. Primeiro para saber se aquele princípio activo (aquela planta) tira mesmo as dores de cabeça. Segundo, para saber se ao tirar as dores de cabeça não está a dar cabo da visão (ou de outra coisa qualquer). É assim que a ciência funciona, e no processo de desenvolvimento de medicamentos, muitas outras variáveis são analisadas. Mesmo assim, com todos os grupos de controle, com todas as exigências da ciência, acontecem coisas terríveis – lembremo-nos da Talidomida, medicação para enjoos que veio a descobrir-se causar malformações em fetos. Mas a ciência vai corrigindo os erros que encontra no seu seio, tem um processo de constante teste, replicação por outros cientistas, comprovação e divulgação dos resultados. A Ciência é dinâmica, é sujeita a constante crítica, a constante revisão. A senhora do Licor “Levanta o Pau” de Vilar de Perdizes não tem nada disto. O dito licor até pode ajudar a levantar o pau , mas assim de repente, também dá a ideia de que a Vodka faz o mesmo e depois é o que se sabe. É o álcool a funcionar. Mas não vejo problema nenhum em que se vá estudar cientificamente o licor. Pode-se descobrir um novo Viagra.
Quando chegamos a questões como a astrologia, lançamento de ossos, tarot, exorcismos, etc, a coisa pia mais fino. Nenhuma destas coisas – que por vezes auto-denominam-se “ciências” – tem base científica, método científico, comprovação independente. Aliás, ainda está para aparecer o estudo sério, metodologicamente correcto, científico, que comprove as afirmações destas “disciplinas”. Os efeitos destas práticas nas pessoas explicam-se facilmente, assim como se explicam os supostos conhecimentos obtidos por via paranormal em relação aos seus “clientes”: Uma boa dose de sugestão em conjunto com poder de observação, misturada com as perguntas certas ( “Você já teve um grande desgosto de amor “ - quem é que nunca teve?) aproveitando fraquezas e o próprio funcionamento cognitivo do ser humano permitem não só explicar estas coisas como a replicação dos efeitos por um céptico, que não tem capacidades paranormais, como eu.
Quer ser médium? Eu dou-lhe umas dicas.
Há quem diga que estas coisas não têm mal nenhum. Pois. E se uma pessoa desistir do tratamento médico de um cancro do pulmão porque afinal é um demónio que está lá alojado? Assim já tem mal?
Estas questões remetem-nos para o que eu acho essencial, que é a falta de cultura científica. A Educação Científica é essencial para o desenvolvimento de qualquer país ou povo, de qualquer indivíduo. Nem que seja para evitar cair em esparrelas que podem sair caras.
E que fique claro: Não sou daqueles que rejeita automaticamente a existência destes “fenómenos paranormais”. A ciência explica estas coisas, até agora. Ando é à procura daquele fenómeno que a ciência não consiga explicar. Como qualquer pessoa com um mínimo de curiosidade e conhecimento do método cientifico. Porque, afinal, Ciência é Curiosidade.

Publicada porVictor Silva à(s) 20:48 1 comentários  

(Des)Educadores

Professores agredidos por familiares de alunos. Educadores a maltratarem crianças num colégio espanhol. Duas situações diferentes, mas exemplos gritantes e preocupantes de como os educadores se tornam Deseducadores.


Nada pode justificar a situação denunciada em Espanha. Educadores, presumimos que com formação para tal, a obrigarem crianças a comerem o próprio vómito, a fecharem-nas em quartos escuros. A meu ver não se trata de maus-tratos, trata-se de tortura, que deve ser punida exemplarmente. Acresce às próprias situações o facto de que quem as perpetrou dever ter, mais que ninguém, a obrigação profissional, para além da moral e humana de cuidar adequadamente de quem está aos seus cuidados.
Leio que a média de violência em relação aos professores é de dois casos por dia. Preocupante. Quando muitos destes actos são realizados pelos familiares dos alunos, a situação ainda é mais preocupante. De uma forma retorcida, os pais parecem querer proteger os filhos ou punir pessoas que, até prova em contrário, só tem em vista o bem estar dos mesmos.
Na primeira situação, e fazendo assumidamente especulação, provavelmente os actos destes (des)educadores terão a ver ou com dificuldades de lidar com o comportamento das crianças, falta de competências pessoais e técnicas para o desempenho da profissão. Fico assustado ao pensar que existem pessoas com estas características a cuidar de crianças. Aliás, é um facto que os pedófilos muitas vezes escolhem profissões que lhes permitam um contacto regular com crianças. Dadas estas situações, e no que diz respeito a actividades profissionais em que o cuidar dos outros é essencial, parece-me indiscutível a necessidade de um crivo muito elevado na contratação de pessoal. Se não for na contratação (também não podemos ver em cada educador ou professor um potencial abusador), pelo menos terá de haver uma supervisão ou monitorização do desempenho profissional e comportamental destes profissionais. É triste (mas ainda bem que assim foi) que a situação só é denunciada pela comunicação social, com recurso a câmaras escondidas. O que me leva a pensar: se uma televisão decidiu fazer esta investigação, algum fumo deveria existir para lá irem ver se existia fogo. Como é que as autoridades competentes, os pais, os responsáveis da escola não desconfiaram disto?
Na segunda situação, e colocando-me nos sapatos da mãe ou pai agressor de professores, até que consigo vislumbrar uma explicação, também com recurso à mais pura especulação: será que o sentimento (consciente ou inconsciente) destes familiares de não estarem a cuidar adequadamente das suas crianças os leva, como acto compensatório, ir punir quem lhes parece estar a maltratar os filhos, ao lhes exigirem, por exemplo, que façam os trabalhos de casa? Talvez. Mas isso não é desculpa. Os professores existem para ensinar. Acabam também por serem os verdadeiros educadores de várias crianças que andam por aí sozinhas e sem apoio. Muitas vezes é um trabalho inglório, certamente exigente e, cada vez mais, um trabalho de risco.
Naturalmente existem maus professores. Mas nessas situações existem mecanismos que se podem accionar. Não é ir dar um estalo a uma professora que resolve alguma coisa, antes pelo contrário. Os professores devem ter o direito de efectuar o seu trabalho com condições de segurança. Quem se sente ameaçado nunca poderá manter a disciplina numa sala de aulas. Isto pode ser mesmo uma forma de terrorismo e de coacção.
E no meio de educadores, pais e professores, as crianças e jovens. Os comportamentos deles são reflexo do meio socio-cultural onde se inserem, da existência ou não de educadores, de regras, de acompanhamento, de amor. E serão melhores ou piores consoante estes factores (e outros) sejam adequados ou não. Uma criança hoje abusada ou negligenciada pode ser o abusador, o negligenciador de amanhã. E assim se repete o ciclo. Infelizmente. Até que se tente ir à causa dos problemas. Tentar acompanhar estes pais que também precisam de ajuda. Prestar atenção e também apoiar estes profissionais que se tornam monstros. Punir já não é suficiente.

Publicada porVictor Silva à(s) 20:47 0 comentários  

Regressos ou a Síndrome de D. Sebastião

Perdem eleições. Retiram-se mais ou menos da vida política. Assumem travessias do deserto com oásis à mão. E preparam o regresso. Paulo Portas, Santana Lopes, outros. Já vimos isto tantas vezes: mais ou menos implicitamente, os regressos parecem ter um fundo de sebastianismo. Depois das “trevas” da ausência, o regresso esperado (ou não) do líder. Nada mais português.

Não sou analista político, para que se saiba. Mas lá vou acompanhando o que se passa. Paulo Portas e Santana Lopes, depois de um período de mais ou menos dois anos (coincidência com a metade do “consulado” de Sócrates?) de algum recato (pelo menos no sentido parlamentar da coisa), decidiram voltar. Um assumidamente, outro menos assumidamente. Um claramente a desafiar o líder do partido e propondo a sua substituição, outro com críticas ao desempenho do seu próprio partido e do seu líder. Os dois publicamente.
Já se sabe: na política e noutras actividades é comum a travessia do deserto para o regresso em grande, com aura de salvador do que está mal. Sebastianismos. Só que a travessia do deserto já não é o que era. Como no Dakar, lá estão as equipas de apoio, para que não falte a água (ou neste caso, a visibilidade). Um esteve como comentador na televisão, outro escreveu um livro e tem aparecido cada vez mais em entrevistas e declarações públicas. Ou seja, afastados, mas qb. Já se estava a ver que iam voltar (um já disse que ia, outro parece que vai dando a entender isso).
Mas porque é que um psicólogo pega nisto? Porque me parece um bom exemplo do nosso funcionamento enquanto povo: o tal síndrome de D. Sebastião. Os bons homens que perdem, afastam-se, mas estão dispostos a regressar, a bem da nação, do partido, do clube de futebol, seja do que for.
Não os critico. Parece até uma coisa cultural. Mas vejo alguns problemas nesta nossa visão dos homens salvadores, dos cíclicos D. Sebastiões: por um lado, esta sombra do antecessor que paira sobre o actual líder parece condicionar a sua actuação. Por outro lado, com um líder em funções e outro mais ou menos presente, a emergência de outras figuras fica dificultada, prejudica uma renovação possível. É assim o jogo da política, da vida. Peguei no Paulo Portas e no Santana Lopes, mas facilmente qualquer um de nós consegue extrapolar e ver situações semelhantes em diversos campos de acção.
Mas uma coisa também é verdade: se os D. Sebastiões existem é porque são capazes de tal. É porque assumem os seus projectos pessoais, é porque mostram iniciativa e capacidade combativa. É porque, talvez, não existam figuras suficientemente fortes para os substituir. Talvez porque , a estas, lhes falta a coragem ou a ambição.
Gostava de ver renovação. Uma geração mais nova (de ideias) a surgir, em todas as áreas. Que nas manhãs enevoadas não surgissem outra vez os mesmo Sebastiões, mas novos Antónios, Marias, Albertos. De preferência com ideias novas. E com vontade de fazer o seu trabalho e depois passar a pasta a alguém novo.

Publicada porVictor Silva à(s) 20:46 0 comentários  

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