Gato Fedorento, decisões partilhadas e líderes anunciados

Que fique claro desde o inicio: sou um grande fã do Gato Fedorento, ainda do tempo do blog e daquela rábula agora mítica da altura do “Perfeito Anormal”. O grupo cresceu muito (e ainda bem). Cada vez mais se fala em Ricardo de Araújo Pereira como líder. Será que vão manter o funcionamento à “comité central” ou as dores de crescimento levarão ao fim do grupo como agora o conhecemos?



Antes de mais, convém anunciar que depois de uma paragem desde Outubro do ano passado, Tiago Dores fez hoje, 6 de Fevereiro, duas entradas no blog do gato fedorento (http://www.gatofedorento.blogspot.com/). Espero que para continuar…
Desde o despontar deste colectivo humorístico que me agradou a sua forma de funcionamento. Pelo que dizem, as rábulas e as decisões relativas ao grupo são feitas de forma colectiva. Parece-me que a grande força enquanto grupo reside exactamente neste facto, bem como nos relacionamentos pessoais entre os seus elementos. No meu imaginário, vejo-os como um grupo de amigos que vai fazendo piadas uns com os outros e que por acaso chegaram aonde chegaram. Quantos de nós já não fizemos o comentário “esta era mesmo boa para o gato fedorento” depois de uma troca de chalaças entre amigos?
Este relacionamento horizontal, em que todos têm o mesmo poder é factor de coesão grupal. É factor de originalidade, de criatividade. Porque as ideias saem, trabalham-se, com contributos de todos, em que não se tem medo do que o líder vai dizer. Como se costuma dizer, o conjunto é mais que a soma das partes. E, mais que isso, forma um bloco coeso contra o exterior.
Ultimamente, em diversas publicações, têm surgido perfis e reportagens com um dos gatos, Ricardo Araújo Pereira. Nas entrelinhas, ou nem por isso, lá se vai adiantando, especulando, afirmando, ser ele o líder do grupo. E eu começo a pensar: “espero que isto não dê no que aconteceu a tantas bandas de música: um ganha mais protagonismo e quando damos por ela, o grupo separou-se…”
É quase um facto da natureza humana que em qualquer tipo de grupo acaba sempre por surgir um líder natural. É quase uma verdade incontestada que no meio artístico, quando um elemento de um grupo se destaca, o fim desse grupo parece estar no horizonte. Ou, no mínimo, sofre alterações profundas.
Como é lógico, não conheço nenhum dos gatos, não sei como lidam com este ascendente de um dos elementos. Espero que havendo questões, elas sejam debatidas abertamente (devo confessar que na minha inocência, acho que é isso que acontece), que se permita o crescimento individual sem prejudicar o crescimento grupal.
De resto, estou já a cometer aqui um erro: afinal, que eu saiba, daquele grupo ainda ninguém disse que o Ricardo Araújo Pereira é o líder. Se calhar até se riem destas coisas. Se calhar até ficam contentes por um deles ser assim tão reconhecido (até mais que eles próprios). Espero que sim.
Peguei no Gato Fedorento como metáfora para o funcionamento difícil dos grupos humanos (pode ser uma equipa de futebol, pode ser um conjunto de empregados de uma empresa). O equilíbrio entre a manutenção de um grupo de sucesso e o sucesso individual dos elementos desse grupo é uma coisa complexa, que exige muito dialogo, respeito, até mesmo controle do fundo paranóico que todos temos.
Quando as funções de cada elemento de um grupo estão bem definidas, e se dá espaço para as ambições pessoais (desde que não prejudiquem o grupo) esse equilíbrio é possível e pode mesmo ser motor de desenvolvimento. Afinal, os U2, mesmo com um Bono sempre metido em Africa e afins (e muito bem) continuam por aí, com sucesso.
Quanto ao Gato Fedorento, espero que se mantenham enquanto Gato Fedorento e não o Ricardo mais 3 (nem de propósito têm o número típico de uma banda rock). Que mantenham o funcionamento à comité central. E, de resto, só de olhar para eles, dá-me ideia que o Tiago Dores traz coisas que o Zé Diogo Quintela não se tinha lembrado, que o Miguel Góis acrescenta uma palavra que estava a faltar, que o Ricardo Araújo Pereira aparece com aquele esgar que faz a piada escrita funcionar. E que, mais que tudo, também se riam de si próprios e das crónicas de um fã com preocupações talvez estúpidas.

Publicada porVictor Silva à(s) 23:56  

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